.

O rancho da goiabada / Construção Lyrics

Os bóias-frias quando tomam umas birita
Espantando a tristeza
Sonham com bife-a-cavalo, batata-frita
E a sobremesa
É goiabada-cascão com muito queijo
Depois café, cigarro e um beijo
De uma mulata chamada Leonor ou Dagmar

Amar
O rádio-de-pilha, o fogão-jacaré
A marmita, o domingo no bar
Onde tantos iguais se reúnem
Contando mentiras
Pra poder suportar

Ai, são pais-de-santo, paus-de-arara
São passistas, são flagelados
São pingentes, balconistas
Palhaços, marcianos, canibais
Lírios, pirados dançando dormindo de olhos abertos
À sombra da alegoria dos faraós embalsamados
Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão como um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego
Report lyrics