Estou sujo
Roído de piolhos
Os porcos quando olham pra mim vomitam
As crostas e postulas da lepra
Escamaram-me a pele
Coberta de pus amarelo
Não conheço a água dos rios nem o orvalho das nuvens
Na minha nuca
Como num fumeiro
Cresce um enorme cogumelo
De pedufolos umbrolíferos
Sentado num trasto informe
Não mexi os membros
Desde há 4 séculos
Os meus pés tomaram a raíz no solo
E compõem até ao ventre
Uma espécie de vivaz vegetação
Cheia de inóbeis parasitas
Que não deriva ainda da planta
Mas que já não é carne
No entanto, o meu coração bate
Mas como não poderia ele bater
Se a podridão e as izalações do meu cadáver
Não ouso dizer corpo
Não nutricem abundantemente
Estou sujo
Roído de piolhos
Os porcos quando olham pra mim vomitam
Na axila esquerda
Uma família de sapos fez morada
E quando um se mexe faz-me cócegas
Tomai cuidado, não vá fugir algum
E que vá roçar com a boca no interior da vossa orelha
Era capaz de depois vos entrar no cérebro
Na axila direita
Há um camaleão que lhes dá caça incessante
Para não morrer de fome
Todos têm de viver
Mas quando uma das partes
Frustra completamente as manhas da outra
Não encontram nada melhor para fazer
Do que não se incomodarem
E chupam a gordura delicada que me cobre as costas
Já estou habituado
Uma víbora malvada devorou-me o pénis
E tomou o seu lugar
Tomou meu...aquela infame
Oh se eu tivesse podido vender-me
Com os meus braços paralisados
Mas creio antes que eles se transformaram em cavacos
Seja como for, importa constatar
Que o sangue já lá não vai passear a sua vermelhidão
Dois pequenos ouriços
Que pararam de crescer
Deitaram um cão que não acusou o interior dos meus intestinos
É a epiderme cuidadosamente lavada
Meteram-se dentro dela
O anûs foi interceptado por um caranguejo
Animado pela minha inércia, guarda entrada com as suas pinças, e faz-me doer muito
Duas medusas atravessaram os mares
Imediatamente atraídas por uma esperança que não foi iludida
Olharam com atenção as duas partes carnudas
Que formam o traseiro humano
E colando-se ao seu condutor do convexo
Esmagaram ...tanto por uma pressão constante
E os dois pedaços de carne desapareceram
Ficando lá dois monstros saídos do reino da viscosidade
Iguais na cor, na forma, e na ferocidade
Não falei da minha coluna vertebral
Porque é uma espada
Sim, sim, estava distraído
A vossa pergunta tem toda a razão de ser
Desejais saber
"Não é verdade? como é que ela se encontra verticalmente implantada nos meus rins?"
Nem mesmo recordo muito claramente
No entanto, se me decidirem tomar por lembrança
Que talvez não passe de um sonho
Sabei que o Homem,
Quando soube que eu tinha feito o voto
De viver com a doença e a imobilidade
Até vencer o Criador,
Veio por trás de mim, pela ponta dos pés
Mas não tão levemente que eu não ouvisse
Não percebi mais nada durante um instante que não foi longo
Aquele que tinha aliviado espetou-se até ao carro
Por entre as duas espádulas do torro de morte
E a sua....estremeceu como um tremor de terra
A lâmina adere fortemente ao corpo
Que ninguém até agora a conseguiu extrair
Os atletas, os mecânicos, os filósofos, os médicos
Tentaram cada um por si os meios mais diversos
Não sabiam que o mal feito pelo Homem
Não pode mais ser desfeito
Roído de piolhos
Os porcos quando olham pra mim vomitam
As crostas e postulas da lepra
Escamaram-me a pele
Coberta de pus amarelo
Não conheço a água dos rios nem o orvalho das nuvens
Na minha nuca
Como num fumeiro
Cresce um enorme cogumelo
De pedufolos umbrolíferos
Sentado num trasto informe
Não mexi os membros
Desde há 4 séculos
Os meus pés tomaram a raíz no solo
E compõem até ao ventre
Uma espécie de vivaz vegetação
Cheia de inóbeis parasitas
Que não deriva ainda da planta
Mas que já não é carne
No entanto, o meu coração bate
Mas como não poderia ele bater
Se a podridão e as izalações do meu cadáver
Não ouso dizer corpo
Não nutricem abundantemente
Estou sujo
Roído de piolhos
Os porcos quando olham pra mim vomitam
Na axila esquerda
Uma família de sapos fez morada
E quando um se mexe faz-me cócegas
Tomai cuidado, não vá fugir algum
E que vá roçar com a boca no interior da vossa orelha
Era capaz de depois vos entrar no cérebro
Na axila direita
Há um camaleão que lhes dá caça incessante
Para não morrer de fome
Todos têm de viver
Mas quando uma das partes
Frustra completamente as manhas da outra
Não encontram nada melhor para fazer
Do que não se incomodarem
E chupam a gordura delicada que me cobre as costas
Já estou habituado
Uma víbora malvada devorou-me o pénis
E tomou o seu lugar
Tomou meu...aquela infame
Oh se eu tivesse podido vender-me
Com os meus braços paralisados
Mas creio antes que eles se transformaram em cavacos
Seja como for, importa constatar
Que o sangue já lá não vai passear a sua vermelhidão
Dois pequenos ouriços
Que pararam de crescer
Deitaram um cão que não acusou o interior dos meus intestinos
É a epiderme cuidadosamente lavada
Meteram-se dentro dela
O anûs foi interceptado por um caranguejo
Animado pela minha inércia, guarda entrada com as suas pinças, e faz-me doer muito
Duas medusas atravessaram os mares
Imediatamente atraídas por uma esperança que não foi iludida
Olharam com atenção as duas partes carnudas
Que formam o traseiro humano
E colando-se ao seu condutor do convexo
Esmagaram ...tanto por uma pressão constante
E os dois pedaços de carne desapareceram
Ficando lá dois monstros saídos do reino da viscosidade
Iguais na cor, na forma, e na ferocidade
Não falei da minha coluna vertebral
Porque é uma espada
Sim, sim, estava distraído
A vossa pergunta tem toda a razão de ser
Desejais saber
"Não é verdade? como é que ela se encontra verticalmente implantada nos meus rins?"
Nem mesmo recordo muito claramente
No entanto, se me decidirem tomar por lembrança
Que talvez não passe de um sonho
Sabei que o Homem,
Quando soube que eu tinha feito o voto
De viver com a doença e a imobilidade
Até vencer o Criador,
Veio por trás de mim, pela ponta dos pés
Mas não tão levemente que eu não ouvisse
Não percebi mais nada durante um instante que não foi longo
Aquele que tinha aliviado espetou-se até ao carro
Por entre as duas espádulas do torro de morte
E a sua....estremeceu como um tremor de terra
A lâmina adere fortemente ao corpo
Que ninguém até agora a conseguiu extrair
Os atletas, os mecânicos, os filósofos, os médicos
Tentaram cada um por si os meios mais diversos
Não sabiam que o mal feito pelo Homem
Não pode mais ser desfeito