Vinte e três verões num suéter,
Ela acorda às seis,
Bate o ponto às sete em ponto,
O computador liga,
Diz "oi" pro seu chefe contador,
Que então se derrete todo de amor,
Mas ela não perde os modos
De encantadora flor da Zona Leste,
Tão cheia de valor, do produto o fator
Em que ninguém vai mexer.
Todo mês do salário vai metade
Pro inglês e pra sua faculdade
Tão sonhada de contabilidade
Que ela fez de sonho realidade.
Mas talvez só a força de vontade
Não tenha levado a felicidade
Porque a luz e o calor dependem do amor
E isso ela não entendeu.
Mas no metrô
Alguém chamou
E ela sorriu,
Gelou...
Quantas leis, probabilidades, planos
Ela fez pros futuros meses, anos,
Olhem só vocês mas que ledo engano:
Naquela vez só o doce olhar de um mano
Já desfez tudo de cartesiano
Que havia no coração suburbano de Marinês.
Ela acorda às seis,
Bate o ponto às sete em ponto,
O computador liga,
Diz "oi" pro seu chefe contador,
Que então se derrete todo de amor,
Mas ela não perde os modos
De encantadora flor da Zona Leste,
Tão cheia de valor, do produto o fator
Em que ninguém vai mexer.
Todo mês do salário vai metade
Pro inglês e pra sua faculdade
Tão sonhada de contabilidade
Que ela fez de sonho realidade.
Mas talvez só a força de vontade
Não tenha levado a felicidade
Porque a luz e o calor dependem do amor
E isso ela não entendeu.
Mas no metrô
Alguém chamou
E ela sorriu,
Gelou...
Quantas leis, probabilidades, planos
Ela fez pros futuros meses, anos,
Olhem só vocês mas que ledo engano:
Naquela vez só o doce olhar de um mano
Já desfez tudo de cartesiano
Que havia no coração suburbano de Marinês.