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A embala de Silva Porto Lyrics

fizeste quilombo na terra de Quicongo
desenhaste depois a Póvoa
de Belmonte
mandaste deitar pregão dia seguinte
segue a viagem e vai por matos
mais cerrados
os quiçongos na frente
avisam lá p'ra trás
aparece cova
então gritam «côva»
aparecem raízes
gritam «comededos»
aparecem ramos
e gritam «no alto»

cruzaste os rios Cuíto
o Cubango e o Quando
saciaste a tua sede
na água clara das cabaças
do imbondeiro verdejante
e majestoso
e nos matos da Lunda de arvoredos
e riachos
vomitaste pelo horror do canibalismo
e no cimo solitário da serra Catiaballa
da eminência olhaste todos
os horizontes
humilde deste o teu nome
a quem te apontou de mestiço
e que escreveu também o seu
Doctor David Livingstone
o taciturno Livingstone
esse o da Propaganda da Fé
na viagem de Benguela
de passo até Moçambique
deste então entrada nesta terra do Lui
e padeceste de doenças
já seguiu João da Silva
tu regressaste à tua embala no Bié
mais pobre e envelhecido
no «ultimatum» da ofensa
resta o sagrado da bandeira
pelo fogo veio a morte
rodeada de um laranjal
a laranja da memória
da saudade
a laranja
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